Todos os dias quando acordo com o barulho do despertador…

Eu acordo com o barulho do despertador, desligo. Viro pro lado, fecho os olhos, relaxo a mente, e de novo acordo com o barulho do despertador. Me escondo nas cobertas, tento me concentrar no silêncio que habita na minha mente, mas aquele som infernal não para, me viro, desligo. Fecho os olhos e acordo com o barulho do despertador, fico tão incomodado quanto você que está lendo costuma ficar quando se risca um giz no quadro fazendo aquele barulho enlouquecedor. Me questiono – quase que me odiando – o motivo que me levou a colocar tantos alarmes seguidos no celular. A raiva é tanta que o sono passa e a preguiça também, eu percebo que se o despertador tiver que me acordar mais uma vez, eu me atrasarei para o dia de trabalho. Me amo, me idolatro, como eu sou inteligente, me saboto para não ser sabotado.

Fico de pé, vou até a cozinha, coloco a água do café no fogo, escovo os dentes, ligo a TV. Respiro fundo, olho pela janela enquanto faço carinho no gato. A água ferve, eu corro e faço o café. É estranho, ele não tem cheiro, mas também, quem consegue sentir cheiro à essa hora da manhã? O café está pronto, colo na xícara, deixo-a em cima da mesa, coloco a comida do gato, que não vem. Esses bichanos são muito independentes, eles fazem o que querem e quando querem, enquanto nós pensamos que somos seus donos, eles é que tomam conta da gente. Fiquei pensando nisso parado no meio da cozinha, coçando a nádega direita, enquanto com a mão esquerda me faço um cafuné, e olha que esse é só o início do meu dia. Tá frio, o café esfriou, mas eu o requento no micro-ondas, dou graças a Deus pela tecnologia, mesmo odiando café requentado, eu o tomo, pois também odeio jogar dinheiro fora.

 A xícara não está mais na minha mão, eu já estou a caminho do trabalho. Atravesso a rua, dou bom dia para um cara que nem me olha no rosto, lá vem o gato querendo sua comida. A água do café ferve, a xícara cai no chão, o rato se queima com o café fervendo, cade o gato pra pegar o rato? Paro no meio da rua, me pergunto o que estou fazendo de cueca ali, e é nesse momento que acordo com o barulho do despertador. Estou atrasado.

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